9/22/2006

Clarice Para Sempre


Quando tive o primeiro contato com um livro de Clarice Lispector fiquei petrificado. Um misto de medo, estranheza, felicidade... Parecia que todos os sentimentos poderiam estar naquelas palavras. E pareciam ser meus próprios sentimentos ali. O primeiro foi A Aprendizagem ou os Livros dos Prazeres em que Lory tenta encontrar a si mesma enquanto se desprega de si mesma. Estranho mas compreensível. Difícil de não se ver no mesmo lugar que Lory. E daí percorrendo outros textos percebe-se que é impossivel não se apaixonar por esta autora e não ter pena de uma mente atordoada por este amálgama de loucuras.
Aí vai algumas frases contidas na sua obra que para aos que não a conhecem, percebam sua profundidade e complexidade:

"...A vida é curta demais para eu ler todo o grosso dicionário a fim de por acaso descobrir a palavra salvadora."

"Escrevo porque encontro nisso um prazer que não consigo traduzir. Não sou pretensiosa. Escrevo para mim, para que eu sinta a minha alma falando e cantando, às vezes chorando..."

"Fiquei com vontade de chorar mas felizmente não chorei, porque quando choro fico tão consolada..."

"Não se pode falar de silêncio como se fala de neve. Não se pode dizer a ninguém como se diria da neve: Sentiu o silêncio desta noite ? Quem ouviu não diz."

"Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é possível fazer sentido. Eu não: quero é uma verdade inventada. "

"Quero pintar uma tela branca. Como se faz? É a coisa mais difícil do mundo. A nudez. O número zero. Como atingi-los? Só chegando, suponho, ao núcleo último da pessoa. "

"Eu sou uma pergunta".